A Primeira Fase do Desenvolvimento Infantil
- silvcris47
- 17 de jun. de 2022
- 7 min de leitura
Pensar sobre o desenvolvimento infantil nos remete ao início da vida, desde a sua concepção.

O desenvolvimento humano é um processo contínuo de transformações da interação entre fatores biológicos e socioculturais no decorrer da vida.
Vimos também no último post, “Quatro Facetas do Desenvolvimento Infantil”, que nesse processo não podemos desconsiderar a dimensão espiritual.
É importante lembrarmos que aquele embrião é alguém singular. Ele está vindo ao mundo para deixar a sua marca diferenciada da deixada por outra pessoa. Portanto, a atenção e o cuidado com esse ser começam exatamente neste ponto de sua existência.
Este é um período sensível em que a boa saúde emocional, física e espiritual dos pais e particularmente o bem-estar da mãe é essencial para o pleno desenvolvimento do bebê.
Dentro do útero da mãe, as mudanças são inúmeras e muito rápidas, o que torna difícil de serem entendidas com detalhes pela ciência.
A Bíblia nos fala desse período de forma poética e carregada de detalhes. Trata-se de uma oração do salmista Davi a Deus, em que ele se expressa admirado: “Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no ventre de minha mãe. Graças te dou, visto que de modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, ...” (Salmos 139:14-16 - *NAA).
Vamos refletir com mais detalhes sobre esta fase do desenvolvimento infantil. Mas, antes disso, quero ir ao dicionário e verificar as três palavras-chaves desse post com você.
Fase, Desenvolvimento e Criança
Segundo Webster, fase é degrau, grau de elevação ou plataforma elevada para exibição de algo a público.
Desenvolvimento é desdobramento, abertura e revelação de algo que estava dobrado, envolvido ou escondido. É a exposição de algo existente, mas desconhecido, pela retirada do invólucro.
Criança significa filho ou filha em qualquer idade com relação aos seus pais; o termo também é aplicado a infantes desde o nascimento. Mais precisamente, criança é o rebento, herdeiro ou geração dos pais.
Aqui abro um parêntese para lhe dizer quem foi Webster.
Noah Webster, nascido na segunda metade do século XVIII, foi um importante lexicógrafo (dicionarista) americano. Ele também foi professor, escritor político, editor e reformador da ortografia americana. Escreveu um dicionário que foi concluído em 1828, após 28 anos de trabalho.
Webster se dedicou por 20 anos para dominar 26 idiomas, pesquisando a origem de cada palavra na sua língua original. A Bíblia era a sua fonte primária, por isso definiu as palavras biblicamente. O dicionário Webster 1828 se tornou um modelo no mundo da lexicografia.
Feito isto, agora vamos pensar sobre esse momento tão importante para o desenvolvimento de uma pessoa – o início da vida: a fase intrauterina.
A Fase Intrauterina – Os Primeiros Dias Após a Concepção
O ser humano carrega um potencial enorme para o seu desenvolvimento desde o ventre materno.
Esse novo ser que acabou de ser concebido, recebeu todo material genético de seus pais contidos no óvulo e no espermatozoide. E o ambiente que o cercará nesse período será transmitido pela mãe como um estímulo para o ambiente intrauterino.
A interação entre a base genética e o estímulo ambiental é bastante complexa e a ciência não consegue determinar o quanto cada uma dessas partes influenciam no desenvolvimento de cada pessoa.
Mas podemos entender que herdamos características físicas de nossos pais que podem ser alteradas pelas nossas vivências: cuidados com a saúde, alimentação, prática de esportes, por exemplo.
A personalidade e o intelectual são características mais suscetíveis ao ambiente.
No entanto, há características que a influência é apenas do fator genético, como a cor dos nossos olhos.
Um mês depois da concepção, dentro do pequeno ser com apenas um centímetro, o coração bate 65 vezes a cada minuto, a corrente sanguínea funciona passando pelas minúsculas veias e artérias e o sistema nervoso está sendo esboçado.
O 1º Marco: As primeiras 12 Semanas de Gestação
Ao final das 12 primeiras semanas de gestação, todo o sistema orgânico do bebê está formado e iniciando o seu funcionamento.
Se a mãe tiver alguma doença viral, como a rubéola, nesse período, pode ocorrer alguma má formação nos órgãos do bebê e causar, por exemplo, um quadro de retardo mental, ou alguma deficiência cardíaca, ou comprometimento auditivo ou visual ou ainda microcefalia.
É interessante saber que uma mesma influência externa não causa as mesmas consequências em bebês diferentes. Caso a mãe costuma tomar alguma bebida alcoólica de forma excessiva, existe o risco do bebê nascer com algum tipo de lesão neurológica ou irritabilidade. No entanto, nem sempre isso ocorre porque cada criança é diferente da outra, com temperamentos diferentes e uma pode estar mais suscetível a esse estímulo que a outra.
A partir da 12ª semana, o bebê já é capaz de responder aos estímulos táteis, que estão dentro do útero materno. Mas, ainda não sente o toque externo porque ainda é bem pequeno.
Entre o 4º e 6º mês de Gestação
Entre a 16ª e a 24ª semana (4º e 6º mês), todo o aparelho auditivo e visual está sendo formado e a partir da 24ª semana, o bebê já consegue reconhecer a voz da mãe. Quanto ao sistema visual, o seu desenvolvimento completo só ocorrerá após o nascimento. O ambiente intrauterino não é propício para que a visão se desenvolva.
Nesse momento da gestação, o tato e a audição serão aos canais de comunicação do bebê com o meio externo.
Uma passagem bíblica que narra muito bem esse período da gestação está em Lucas 1:39-44, quando Maria que estava grávida de Jesus foi visitar sua parente Isabel que também estava grávida de João Batista. Quando Maria saudou Isabel, João saltou de alegria em seu ventre ao ouvir a voz da mãe do Salvador.
Pesquisas recentes revelam que após o nascimento, a criança é capaz de se lembrar dos estímulos auditivos que recebeu a partir do sexto mês, principalmente os recebidos nas últimas semanas de gravidez.
Como exemplo, posso citar o reconhecimento de uma música ou canção ouvida com frequência na barriga da mãe. Ao ouvi-la e reconhecê-la em um momento de tensão, o bebê se aquieta e para de chorar.
Outra pesquisa também mostrou que o bebê, logo nos primeiros dias de nascimento, reconhece tanto a voz quanto a entonação da leitura de uma história feita pela mãe durante os últimos dois meses de gestação. O reconhecimento foi percebido porque a criança chupou com maior intensidade e por mais tempo uma das chupetas dada a ela, que acionava a gravação da leitura da mãe, diferentemente da que acionava outra voz.
Estímulos ao Bebê durante a Gestação
Criar um ambiente prazeroso deve ser uma prática dos pais durante a gestação, como ouvir música e contar histórias. Esse hábito colaborará para a formação de vínculos entre os pais e o bebê, mais particularmente com a mãe.
Esse vínculo acontece porque a criança percebe todo o movimento glandular e neurológico dela. O prazer libera substâncias químicas na corrente sanguínea, altera os batimentos cardíacos, a respiração, etc. E todas essas boas sensações são transmitidas da mãe para o filho e dão origem à memória afetiva, à sensação de conforto.
Esses estímulos são aprendizagens que ocorrem nessa fase intrauterina e que favorecem ao desenvolvimento de todo o potencial da criança.
Outro estímulo importante é a alimentação da mãe, que influencia o desenvolvimento físico do bebê. Tanto a ingestão de calorias acima ou abaixo do necessário poderão causar danos ao crescimento do bebê. A mãe que pouco se alimenta provocará um atraso em seu desenvolvimento ou um parto prematuro.
As emoções comuns à mãe durante a gestação, no seu dia-a-dia não afetam a criança. Porém, os excessos sim! Como a ansiedade extrema, os maus hábitos e eventuais doenças influenciam o seu desenvolvimento.
O Vínculo entre Mãe e Bebê
Entre mãe e bebê se forma um vínculo muito forte durante a gestação. São duas vidas em uma!
Durante os nove meses, o bebê será suprido de tudo o que precisar pela mãe. Todo o contato com o mundo é através do corpo dela. Ela o nutre fisicamente e emocionalmente.
Esse vínculo é o primeiro estabelecido e fundamental na vida de uma criança. Daí a importância de a mãe conversar com o bebê, cantar para ele, contar histórias, tocar a barriga, orar e declarar a Palavra de Deus.
O Papel do Pai
O pai também precisa estabelecer um vínculo com o bebê. Ele terá um papel fundamental em seu desenvolvimento após o nascimento.
Durante a gestação é muito importante o apoio do marido à esposa, lhe dando a segurança que precisa. Esse é um período muito complexo e sensível para a mulher, de muita transformação física e hormonal, causando-lhe diversas emoções e necessidades.
A sua participação nos momentos de estimulação do bebê é importantíssima. Nas conversas, nas contações de histórias, na escuta e escolha das músicas, nas orações...
Essa integração entre o marido e a esposa antes do nascimento do bebê é fundamental para o fortalecimento e estabelecimento da família. Os dois se tornarão juntos pai e mãe quando a criança chegar ao mundo e precisarão estar preparados para recebê-la.
O Parto
De acordo com os médicos e pesquisadores, o estímulo final de formação do bebê e preparação para a vida fora do útero é o parto normal. Estímulo que também colaborará no seu bom desenvolvimento.
O processo de nascimento de forma natural estimula vários sistemas do bebê, como o seu sistema respiratório. Ele também recebe todos os anticorpos da mãe, que lhe proporcionam imunidade contra diversas doenças que podem acometer o recém-nascido e a crianças nos primeiros anos de vida.
Para concluir:
Educar efetivamente implica, por parte dos pais, conhecer, cuidar e suprir as necessidades do ser humano pelo qual são responsáveis, desde o início da vida.
Nos próximos posts, daremos continuidade sobre o desenvolvimento infantil e a educação integral. Também aos demais assuntos relacionados: criatividade, arte e neurociência.
Esse post foi inspirado em pesquisas realizadas durante anos de estudo, sobre a Musicalização de Bebês e seus Benefícios, Desenvolvimento Infantil e Educação por Princípios. Foram inúmeras fontes agregadas a um atual curso realizado com a fonoaudióloga e educadora Simone Fuzaro, “Desvendando a Primeira Infância”.
Deixo mais uma vez o desafio de prosseguirmos juntos aqui. Faça um comentário, dê sugestões de assuntos que você gostaria de ler em nosso blog da Art & Palavra.
*NAA = versão Nova Almeida Atualizada
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