A Primeira Infância: a Afetividade, Vontade e Inteligência
- silvcris47
- 1 de jul. de 2022
- 4 min de leitura
A primeira infância é a fase de preparação para a vida.

Ao nascer, o bebê será apresentado ao mundo por seus pais. E a maneira como esta apresentação acontecer afetará toda a vida e as marcas que esta pessoa deixará em sua existência.
No artigo “A Primeira fase do Desenvolvimento Infantil”, discorremos a respeito da fase intrauterina.
Na sequência, vem a primeira infância, que é considerada em dois momentos: de 0 a 3 anos e de 3 a 6 anos.
Toda criança chega ao mundo com três potências a serem desenvolvidas: da Afetividade, da Vontade e da Inteligência.
Falaremos, neste artigo, sobre o desenvolvimento dessas potências no primeiro momento da primeira infância e as mudanças que ocorrem no segundo.
De 0 a 3 Anos: A Potência da Afetividade
O futuro de uma pessoa é influenciado pelos primeiros mil dias de sua vida, período que compreende a faixa etária de 0 a 3 anos.
Um bebê nasce completamente dependente de alguém que cuide dele para sobreviver. Por ter essa total dependência, possui um potencial enorme de aprendizagem. Todo o seu potencial intelectual e volitivo deverá ser treinado, preparado. Daí a grande importância dos pais na educação dessa criança.
No início da vida, a criança é movida pelos afetos, a partir da percepção que ela tem do mundo por meio dos cinco sentidos, ela é inteiramente sensitiva.
Os afetos proporcionam intensidade à vida. A afetividade é uma potência de extrema importância, ela move as ações e os interesses e promove a fixação das aprendizagens, envolve as emoções e os sentimentos agradáveis e desagradáveis, assim como os prazeres...
Outra potência a ser desenvolvida é a vontade, a capacidade de agir racionalmente para chegar a um objetivo.
De 0 a 3 Anos: A Potência da Vontade
Na primeira infância, a potência da vontade precisa ser educada porque a criança age motivada pelo afeto, pelos seus desejos e não pela vontade racional. Ela sabe onde está o gosto e o prazer, não onde está o bem. Sua volição precisa ser treinada pelo adulto para que aprenda a temperar suas ações e não viva movida pelo prazer e conforto apenas.
Quando o bebê vem ao mundo, todo o seu sistema neurológico já está formado. No entanto, apenas osistema límbico e o autônomo estão em alto funcionamento, por estarem ligados à sua sobrevivência.
O sistema límbico, também conhecido como cérebro emocional, é composto por estruturas que permitem que este bebê demonstre as suas necessidades, como a fome. Diante da falta, a criança tem uma reação que dispara o sistema límbico, provocando uma reação intensa.
O sistema autônomo é responsável pelo controle da temperatura; batimentos cardíacos; movimentos ou contrações do esôfago, estômago e intestinos (peristaltismo) e movimento respiratório.
O córtex pré-frontal e frontal, responsáveis pelo juízo crítico, planejamento, noção de moral e autocontrole ainda não estão formados.
Sendo assim, diante da frustração, só poderá entrar em ação o que já está em funcionamento, o sistema límbico. Perante à falta, a criança se manifesta com raiva, braveza e reclamação. E a função do adulto é suprir esta necessidade, estimulando a criança no desenvolvimento de seu córtex pré-frontal e frontal.
Como exemplo, podemos pensar no não atendimento imediato ao suprimento da fome. Os poucos minutos que passam antes da criança ser suprida pela mãe a fará entender que ela pode suportar tal necessidade enquanto espera e aprender que alguém vai cuidar dela, dentro do tempo que precisa.
Os pais são aqueles que determinam o que é bom para os seus filhos pequenos. Por isso a importância de conhecer muito bem a criança. Assim, poderão identificar quais são as suas reais necessidades: se é fome, sono ou carinho.
Nesse momento, o vínculo da criança tanto com a mãe, quanto com o pai é de extrema importância. Ele será a base para autoridade dos pais, tão necessária na educação de seus filhos.
São os pais que deverão ter o conhecimento para ajudarem os seus filhos a viverem. Esta é uma condição de total doação de si mesmos e do que têm de melhor para oferecer aos seres gerados por eles.
Na Bíblia, o autor de Provérbios, no capítulo 4, versos 3 e 4, retrata o reconhecimento de um filho aos pais que lhe ensinaram a viver: “Quando eu era menino, ainda pequeno, em companhia de meu pai, um filho muito especial para minha mãe, ele me ensinava e me dizia: ‘Apegue-se às minhas palavras de todo o coração; obedeça aos meus mandamentos e você terá vida’”.
De 0 a 3 Anos: A Potência da Inteligência
Durante o espaço de tempo dos primeiros mil dias, o cérebro da criança passará por uma quantidade tão grande de transformações que não mais ocorrerá em qualquer outro momento da sua vida.
A cada minuto, algo maravilhoso acontece no cérebro de um bebê: sinapses e caminhos elétricos em alto desenvolvimento. Os caminhos que não forem utilizados se desfarão com o tempo.
Toda arquitetura cerebral é construída dentro desses primeiros mil dias da vida de um ser humano e apotência da inteligência vai se formando.
Quanto mais sinapses na primeira infância, melhor. Daí a importância dos estímulos adequados nessa fase. Falaremos sobre esses estímulos no próximo post.
De 3 a 4 anos – As Mudanças
A partir dos 3 anos, a criança está com a sua linguagem bem desenvolvida e se comunica com eficiência, conseguindo já se perceber e experimentar a autonomia e a independência. Ela nota que suas ações e fala impactam o seu ambiente e as pessoas.
Porém, o seu raciocínio ainda funciona de forma rígida e ilógica. Até esse momento não conseguem controlar seus impulsos afetivos, são bem imaturos em suas vontades e permanecem centrados em seus próprios interesses.
O desempenho motor e cognitivo da criança sofre mudanças muito significativas devido às mudanças no funcionamento cerebral.
Aos 4 anos, a sua audição funciona plenamente. A criança ouve de forma mais apurada e consegue identificar e nomear sons específicos, que a ajuda no processo da aquisição da escrita. Os seus movimentos e ações já são mais organizados.
A habilidades que vão sendo adquiridas no decorrer desse período:
Domínio da função simbólica – ela atribui significados diferentes para um mesmo objeto.
Imitação de comportamentos que viu em um determinado momento e fez uma representação mental. Daí surgem os jogos de faz de conta.
Compreensão de identidades.
O saber de que as coisas têm causas.
Categorização de objetos.
Contagem e manuseio de quantidades.
Percepção dos sentimentos dos outros – começo da empatia.
Um ambiente familiar com relacionamentos harmoniosos, com rotinas preservadas e regras de funcionamento claras, otimizará o desenvolvimento da Afetividade, da Vontade e da Inteligência dos pequenos. O lar é o lugar de excelência para que isso ocorra!
No próximo post, vamos tratar sobre os estímulos adequados para o desenvolvimento do potencial infantil. Não percam!!!
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